Abstract
O fotojornalismo contemporâneo português atravessou três momentos de mudança assinaláveis. Numa primeira fase, que corresponde às décadas de 50, 60 e 70, a fotografia de imprensa tendia a ser incumbência de profissionais com pouca escolaridade, acríticos e sem capacidade para concetualizar a imagem, que operavam num meio monopolizado por cerca de quatro profissionais - realidade a que os fotógrafos entrevistados se referem como “máfia da fotografia”.
À saída dos anos 1980 e entrada de 1990, surgiram projetos editoriais relevantes, como o jornal Independente (1988) e o Público (1990), onde fotógrafos experientes se cruzaram como jovens profissionais decididos a marcar a diferença. O forte investimento na secção de fotografia foi também extensível ao semanário Expresso e, posteriormente, ao Diário de Notícias. Embora com linhas editoriais distintas, a secção de fotografia obtinha de um reconhecimento jornalístico considerável, na estrutura hierárquica das redações destes títulos, com os editores de fotografia a exercerem o poder de decisão editorial e a imporem um forte corporativismo à classe, algo que nunca tinha acontecido até à data. Nesta altura, chegaram às redações muitos repórteres fotográficos que acumulavam formação superior com cursos especializados em imagem. Foi neste contexto que, com o advento do digital no jornalismo português, no início dos anos 2000, os fotojornalistas se tornaram, em geral, nos profissionais de jornalismo tecnologicamente mais bem preparados das redações nacionais, mas a crise financeira de 2008 e a falta de um modelo de negócio adequado aos media online ameaçaram a estabilidade que se predizia com a passagem para o digital. Os cortes financeiros internos começaram exatamente pela editoria de fotografia, com sérias consequências para o papel que a imagem fotográfica exerce enquanto linguagem essencial do jornalismo.
À saída dos anos 1980 e entrada de 1990, surgiram projetos editoriais relevantes, como o jornal Independente (1988) e o Público (1990), onde fotógrafos experientes se cruzaram como jovens profissionais decididos a marcar a diferença. O forte investimento na secção de fotografia foi também extensível ao semanário Expresso e, posteriormente, ao Diário de Notícias. Embora com linhas editoriais distintas, a secção de fotografia obtinha de um reconhecimento jornalístico considerável, na estrutura hierárquica das redações destes títulos, com os editores de fotografia a exercerem o poder de decisão editorial e a imporem um forte corporativismo à classe, algo que nunca tinha acontecido até à data. Nesta altura, chegaram às redações muitos repórteres fotográficos que acumulavam formação superior com cursos especializados em imagem. Foi neste contexto que, com o advento do digital no jornalismo português, no início dos anos 2000, os fotojornalistas se tornaram, em geral, nos profissionais de jornalismo tecnologicamente mais bem preparados das redações nacionais, mas a crise financeira de 2008 e a falta de um modelo de negócio adequado aos media online ameaçaram a estabilidade que se predizia com a passagem para o digital. Os cortes financeiros internos começaram exatamente pela editoria de fotografia, com sérias consequências para o papel que a imagem fotográfica exerce enquanto linguagem essencial do jornalismo.
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | Para uma história do jornalismo em Portugal |
Editors | Carla Baptista, Jorge Pedro Sousa |
Place of Publication | Lisboa |
Publisher | ICNOVA – Instituto de Comunicação da Nova |
Pages | 375-398 |
Number of pages | 23 |
ISBN (Electronic) | 978-989-54285-9-5 |
ISBN (Print) | 978-989-54285-8-8 |
Publication status | Published - 2020 |
Publication series
Name | Livros ICNOVA |
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Keywords
- Fotografia
- Fotógrafos
- Imagem
- Fotojornalismo
- Imprensa e História