Abstract
A utilização de dinâmicas extremas e de modos de ataque que acentuam as qualidades percussivas do piano, bem como o uso de mudanças bruscas de intensidade e de registo, caracterizam uma boa parte da produção musical para piano a partir da segunda metade do século XX (Caillet, 2007). Não raramente se encontram, nesse repertório, dinâmicas que vão do pppp ao ffff, e até uma utilização sustentada de violência extrema que se manifesta na repetição de notas, de acordes, de clusters, ou outras formas de escrita musical que acentuam as nuances de fortissimo. Ora, do ponto de vista da saúde física do pianista, sabemos que um esforço muscular de tipo repetitivo pode conduzir a lesões potencialmente graves, e que a promoção de um “movimento de qualidade” deverá, ao invés, promover um desempenho que seja “livre, expressivo e seguro” (Mark, 2003, p. 05). Numerosas fontes sobre técnica pianística propõem soluções para o conjunto dos problemas colocados pelo repertório pianístico canónico, que se estende da segunda metade do século XVIII às primeiras décadas do século XX, mas até as fontes mais recentes têm como base repertórios desfasados do nosso tempo cronológico (Chiantore, 2019, pp. 700-702). Deste modo, tomando como ponto de partida as questões consensuais da técnica pianística, e apoiando-me igualmente na minha própria experiência prática de intérprete que se consagra à música para piano do nosso tempo, proponho um itinerário através de diversas obras que apelam a nuances extremas, a partir das quais traçarei um repertório de movimentos que me permitiram gerir esses repertórios sem lesões ao longo de uma carreira de mais de duas décadas. ABSTRACT The use of extreme dynamics and modes of attack emphasizing the percussive qualities of the piano, as well as abrupt changes in intensity and registers characterize much of the piano music written in the second half of the 20th century (Caillet, 2007). It is not rare to find, in this repertoire, dynamics ranging from pppp to ffff, and even a sustained use of extreme violence which manifests itself in the repetition of notes, chords, clusters or other forms of writing emphasizing fortissimo nuances. However, from the point of view of the pianist’s physical well-being, we know that a repetitive muscular effort can generate potentially serious injuries, and that the promotion of a “quality movement” may, on the contrary, promote a “free, expressive and secure” performance (Mark, 2003, p. 5). Several works on piano technique offer solutions to most of the problems posed by the performance of standard piano repertoire, which spanned from the second half of the 18th century through the first decades of the 20th century, being based mainly on repertoires which are out of phase with our chronological time (Chiantore, 2019, pp. 700-702). Thus, taking major consensual issues of piano technique as a starting point, and relying equally on my own practical experience as a performer devoted to the piano music of our time, I propose an itinerary through different works calling upon extreme dynamic nuances, from which I will draw a repertoire of movements that have allowed me to manage these repertoires without injury in course of a career spanning over more than two decades.
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | Música, Performance e Contexto |
Subtitle of host publication | Criação e Investigação Artística |
Editors | Ricardo Pinheiro, Carlos Caires, Tiago Neto |
Place of Publication | Lisboa |
Publisher | Instituto Politécnico de Lisboa/CESEM |
Pages | 17-36 |
Number of pages | 20 |
ISBN (Print) | 978-989-53678-9-4 |
Publication status | Published - 2024 |
Keywords
- Interpretação
- Piano
- Música Contemporânea
- Dinâmicas extremas
- Movimentos corporais
- Música para piano