Desigualdades sociais retratadas nas experiências ocupacionais de jovens brasileiras antes da privação de liberdade

A literatura demonstra que a maioria das jovens acauteladas em instituições de justiça juvenil pertencem a grupos socialmente vulneráveis, que enfrentam desigualdades sociais e discriminação racial e de gênero, resultando em iniquidades ocupacionais. Este estudo busca compreender a vida cotidiana de jovens brasileiras antes do seu acautelamento baseado nas suas experiências ocupacionais e como essas ocupações expressam as profundas iniquidades que marcam suas trajetórias de vida. Trata-se de um estudo qualitativo transversal e exploratório que utilizou a história oral como método de pesquisa. Participaram do estudo doze jovens privadas de liberdade em instituições de justiça juvenil em Minas Gerais, Brasil. O impacto das questões de gênero e classe no seu cotidiano e ocupações apontam para as opressões e desigualdades sociais as quais foram expostas desde a infância. Suas histórias são marcadas por violações dos seus direitos, como dificuldades de acesso e permanência nas escolas, exploração de trabalho infantil, falta de oportunidades de lazer, exposição a diversas formas de violência (incluindo violência sexual) e vulnerabilidades. O conceito de ocupação sob a lente da interseccionalidade torna possível compreender as desigualdades sociais que atravessam o cotidiano de populações vulneráveis, assim como provocam uma posição crítica e ativista, face às injustiças ocupacionais.