Abstract
Este artigo examina práticas artísticas contemporâneas que têm
investigado a história, o arquivo, a memória e a pós-memória, quer públicos, quer privados, do império colonial português, da guerra “colonial” e da descolonização. Imagens semioticamente densificadas por camadas processuais que retêm a sua bidimensionalidade complexificam-se materialmente ao ponto de nalguns casos se tornarem instalação e escultura, sólidas e até líquidas. A partir de fotografias de arquivo apropriadas, anónimas no caso de Délio Jasse, familiares no caso de Daniel Barroca (cujo arquivo inclui som), e recorrendo a diferentes estratégias de distorção visual (e sonora), ambos os artistas investigam memórias e vestígios de violências coloniais e desestabilizam a cristalização de narrativas históricas ao conferir visibilidade “hauntológica” a uma espetralidade que habita o presente e dele exige reconhecimento (Derrida 1994, Gordon 2008, Demos 2013b). Assim faz
igualmente Raquel Schefer no seu trabalho videográfico em que revisita filmes do período colonial que são também álbuns familiares, dessa forma inscrevendo a sua própria subjetividade no seu trabalho artístico de confrontação crítica do presente com os seus silêncios, amnésias e nostalgias. Quer as reflexões contidas nestas práticas, quer as reflexões por elas suscitadas pretendem contribuir para uma descolonização epistemológica e ético-política do presente.
investigado a história, o arquivo, a memória e a pós-memória, quer públicos, quer privados, do império colonial português, da guerra “colonial” e da descolonização. Imagens semioticamente densificadas por camadas processuais que retêm a sua bidimensionalidade complexificam-se materialmente ao ponto de nalguns casos se tornarem instalação e escultura, sólidas e até líquidas. A partir de fotografias de arquivo apropriadas, anónimas no caso de Délio Jasse, familiares no caso de Daniel Barroca (cujo arquivo inclui som), e recorrendo a diferentes estratégias de distorção visual (e sonora), ambos os artistas investigam memórias e vestígios de violências coloniais e desestabilizam a cristalização de narrativas históricas ao conferir visibilidade “hauntológica” a uma espetralidade que habita o presente e dele exige reconhecimento (Derrida 1994, Gordon 2008, Demos 2013b). Assim faz
igualmente Raquel Schefer no seu trabalho videográfico em que revisita filmes do período colonial que são também álbuns familiares, dessa forma inscrevendo a sua própria subjetividade no seu trabalho artístico de confrontação crítica do presente com os seus silêncios, amnésias e nostalgias. Quer as reflexões contidas nestas práticas, quer as reflexões por elas suscitadas pretendem contribuir para uma descolonização epistemológica e ético-política do presente.
Original language | Portuguese |
---|---|
Title of host publication | Conference Proceedings of the V AIM Annual Meeting |
Editors | Sofia Sampaio, Filipe Reis, Gonçalo Mota |
Place of Publication | Lisboa |
Publisher | AIM – Associação de Investigadores da Imagem em Movimento |
Pages | 180-193 |
Number of pages | 13 |
ISBN (Print) | 978-989-98215-4-5 |
Publication status | Published - 2016 |
Keywords
- Arte contemporânea
- Império colonial
- Guerra
- Descolonização
- Arquivo e memória