Abstract
As Danças Características Africanas de Heitor Villa-Lobos e a Suite Africana do compositor português Frederico de Freitas apresentam no seu paratexto um vínculo imediato: a menção ao continente africano. Tal referência evoca um cenário imaginativo
no qual dois compositores não africanos se propõem a retratar musicalmente um “outro” mais ou menos conhecido. Assim, a distância geográfica e cultural entre o espaço-tempo
de composição das obras e o continente africano (na sua imensa variedade) acarreta numa representação não informada, generalizada, estereotipada e conveniente de uma ideia de
“África”. No entanto, o contexto que envolve Villa-Lobos e Frederico de Freitas em lados opostos do oceano, apesar de essencialmente diferentes, se relacionam na tentativa de
construção e manutenção de um nacionalismo a nível artístico. Portanto, no centro das convergências entre as Danças e a Suite, encontra-se o contexto nacionalista no qual ambas
estão imersas e, assim, define-se o paradoxo no qual assenta esta análise: a representação da “africanidade” (do outro) como expressão do “nacional”. Em visto disso, através do
conceito de transtextualidade, como definido por Gérard Genette (1982), e da Teoria dos tópicos, neste trabalho pretende-se estabelecer um olhar comparativo entre as obras
esclarecendo convergências e divergências, refletindo sobre a representação musical de uma “África” e considerando as diferentes relações que o Brasil e Portugal mantinham com
o continente.
no qual dois compositores não africanos se propõem a retratar musicalmente um “outro” mais ou menos conhecido. Assim, a distância geográfica e cultural entre o espaço-tempo
de composição das obras e o continente africano (na sua imensa variedade) acarreta numa representação não informada, generalizada, estereotipada e conveniente de uma ideia de
“África”. No entanto, o contexto que envolve Villa-Lobos e Frederico de Freitas em lados opostos do oceano, apesar de essencialmente diferentes, se relacionam na tentativa de
construção e manutenção de um nacionalismo a nível artístico. Portanto, no centro das convergências entre as Danças e a Suite, encontra-se o contexto nacionalista no qual ambas
estão imersas e, assim, define-se o paradoxo no qual assenta esta análise: a representação da “africanidade” (do outro) como expressão do “nacional”. Em visto disso, através do
conceito de transtextualidade, como definido por Gérard Genette (1982), e da Teoria dos tópicos, neste trabalho pretende-se estabelecer um olhar comparativo entre as obras
esclarecendo convergências e divergências, refletindo sobre a representação musical de uma “África” e considerando as diferentes relações que o Brasil e Portugal mantinham com
o continente.
Original language | Portuguese |
---|---|
Pages (from-to) | 1-14 |
Number of pages | 14 |
Journal | Anais do Congresso da Anppom |
Volume | 32 |
Publication status | Published - Oct 2022 |
Event | XXXII Congresso da ANPPOM (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brazil Duration: 17 Oct 2022 → … |
Keywords
- Danças Características Africanas
- Suite Africana,
- Villa-Lobos
- Frederico de Freitas
- Nacionalismo