Activities per year
Abstract
Os incêndios rurais convocam um profundo alarme social. À margem do furor mediático e político que suscitam, geraram-se em torno deles elaboradas ideias e práticas burocráticas e
científicas a que correspondem, na universidade e na administração central, vastos domínios institucionais. Como tem sido apontado, trata-se de um processo que em Portugal remonta à década de 1950 e que fez dos incêndios florestais um objeto simultaneamente técnico e epistémico.
Documentar a emergência do tópico, enquanto tal, e a lenta constituição de um campo científico-burocrático consignado à prevenção e ao combate dos fogos florestais, permite não só
ajudar a contextualizar o aparato institucional e os discursos especializados que hoje se ocupam do tema, na esteira de trabalhos análogos, mas também recuperar algumas fontes, mais ou menos esquecidas, para a história dos incêndios rurais e, ainda, vislumbrar o papel do Estado e dos silvicultores na construção do problema. Esta comunicação recupera algumas das mais antigas
menções aos incêndios florestais em meio académico, assinala a afirmação do tópico como objeto de pesquisa e de governo, em torno da ideia de uma floresta sem fogo, e sinaliza a tímida
afirmação, após a revolução democrática de 1974, de um campo de estudos associado à possibilidade de adotar a prática ancestral – nunca verdadeiramente esquecida, mas entretanto abafada
– de controlar o fogo pelo fogo.
científicas a que correspondem, na universidade e na administração central, vastos domínios institucionais. Como tem sido apontado, trata-se de um processo que em Portugal remonta à década de 1950 e que fez dos incêndios florestais um objeto simultaneamente técnico e epistémico.
Documentar a emergência do tópico, enquanto tal, e a lenta constituição de um campo científico-burocrático consignado à prevenção e ao combate dos fogos florestais, permite não só
ajudar a contextualizar o aparato institucional e os discursos especializados que hoje se ocupam do tema, na esteira de trabalhos análogos, mas também recuperar algumas fontes, mais ou menos esquecidas, para a história dos incêndios rurais e, ainda, vislumbrar o papel do Estado e dos silvicultores na construção do problema. Esta comunicação recupera algumas das mais antigas
menções aos incêndios florestais em meio académico, assinala a afirmação do tópico como objeto de pesquisa e de governo, em torno da ideia de uma floresta sem fogo, e sinaliza a tímida
afirmação, após a revolução democrática de 1974, de um campo de estudos associado à possibilidade de adotar a prática ancestral – nunca verdadeiramente esquecida, mas entretanto abafada
– de controlar o fogo pelo fogo.
Original language | Portuguese |
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Pages | 30 |
Number of pages | 1 |
Publication status | Published - Nov 2023 |
Event | 7.º Encontro Nacional de História das Ciências e da Tecnologia: Ciência, Tecnologia e Ambiente na História: Um Mundo em Crise - Universidade de Évora, Colégio do Espírito Santo, Évora, Portugal Duration: 15 Nov 2023 → 17 Nov 2023 Conference number: 7.º https://7enhct.wordpress.com/ |
Conference
Conference | 7.º Encontro Nacional de História das Ciências e da Tecnologia |
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Abbreviated title | 7.º ENHCT |
Country/Territory | Portugal |
City | Évora |
Period | 15/11/23 → 17/11/23 |
Internet address |
Activities
- 1 Oral presentation
-
Controlar o fogo pelo fogo? A emergência de um campo académico-burocrático em torno dos incêndios rurais
Frederico Martins dos Reis Ágoas (Speaker) & Inês Duarte Aleixo Lourenço de Oliveira Gomes (Speaker)
16 Nov 2023Activity: Talk or presentation › Oral presentation