Consultório de Madame Brouillard

Research output: Other contribution

Abstract

Desde tempos imemoriais se relatam episódios mais ou menos fantásticos em que a solução para doenças da alma e do corpo se procura recorrendo não à ciência, mas a outras artes. A(o)s curandeira(o)s, cartomantes, advinha(o)s preenchiam muitos recantos desta cidade, como também nas aldeias e vilas se podiam encontrar. Fosse como alternativa à medicina tradicional, ainda muito incipiente e incomportável para as bolsas da maioria da população, fosse ainda fruto de crendices e superstições que a educação e a cultura ainda não tinham travado, proliferavam. As rezas, mezinhas e benzeduras eram mais que muitas e a formação do Grupo das Treze1, em 1911, disso mesmo dá conta ao pretender combater a ignorância, as superstições, o obscurantismo, o dogmatismo religioso e o conservadorismo que afectavam a sociedade portuguesa e impediam a libertação das consciências. Contudo, também outras vozes se fizeram ouvir contra tais práticas. Adelaide Cabete, que desde a primeira hora se unira aos revolucionários republicanos, não dá tréguas às quiromantes, às práticas obscurantistas capazes de inquinar o progresso emancipatório dos povos. Assim, vemo-la brandir a espada da ciência e da argumentação contra Madame Brouillard a quem chama pelo nome, revelando inclusive moradas. Esta quiromante, com anúncios espalhados pela imprensa, ocupando mesmo a republicana e feminista, ao longo de décadas, ombreava com os anúncios de consultórios de médicos e médicas diplomadas.
Original languageUnknown
PublisherUMAR -União de Mulheres Alternativa e Resposta e Universidade Nova de Lisboa
Volume0
Publication statusPublished - 1 Jan 2010

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