Abstract
Como falar de classe operária, num contexto onde a organização em torno da família, a pluriatividade e o forte peso do campesinato, ou a recorrência das migrações, desafiam permanentemente as visões dualistas dos fenómenos sociais – campesinato e operariado, classe e família, rural e urbano? Esta comunicação assenta numa pesquisa de doutoramento em curso, centrada numa freguesia do concelho de Guimarães, no Vale do Ave – uma zona industrial têxtil no noroeste português marcada por uma industrialização e urbanização difusas, bem como pelas migrações.
A memória e o património surgem neste quadro como dispositivos importantes. Se por um lado, nas histórias de vida e de família de antigos operários e migrantes – mas também de agricultores, comerciantes, industriais, entre outros – a fábrica surge algo silenciada, enquanto espaço ligado ao trabalho, associado por vezes a momentos duros, a memórias difíceis; por outro, o espaço doméstico (em especial a casa de emigrante, construída como um espaço novo) surge como sinal exterior de ascensão social, e do ultrapassar dessa mesma dureza que o espaço da fábrica representa. Pensar o movimento operário no Vale do Ave poderá passar, então, por questionar: como é que as pessoas se organizam neste contexto para ter uma vida melhor? Mesmo quando olhamos para o passado, ou a vida nos impele a todo o momento a cumprir as necessidades imediatas, é sempre de futuro que falamos. Constituir-se-á, aqui, a migração como uma “heterotopia”?
A memória e o património surgem neste quadro como dispositivos importantes. Se por um lado, nas histórias de vida e de família de antigos operários e migrantes – mas também de agricultores, comerciantes, industriais, entre outros – a fábrica surge algo silenciada, enquanto espaço ligado ao trabalho, associado por vezes a momentos duros, a memórias difíceis; por outro, o espaço doméstico (em especial a casa de emigrante, construída como um espaço novo) surge como sinal exterior de ascensão social, e do ultrapassar dessa mesma dureza que o espaço da fábrica representa. Pensar o movimento operário no Vale do Ave poderá passar, então, por questionar: como é que as pessoas se organizam neste contexto para ter uma vida melhor? Mesmo quando olhamos para o passado, ou a vida nos impele a todo o momento a cumprir as necessidades imediatas, é sempre de futuro que falamos. Constituir-se-á, aqui, a migração como uma “heterotopia”?
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | Anais 18º Congresso Mundial de Antropologia |
Editors | Miriam Pillar Grossi, Simone Lira da Silva, Ivi Porfirio, Caroline Amábile Vale dos Santos, Gabriel Darío López Zamora, Gabriela Alano Tertuliano, Maria Luiza Scheren, Filipe Tchinene Calueio |
Place of Publication | Florianópolis |
Publisher | International Union of Anthropological and Ethnological Sciences (IUAES) | Associação Brasileira de Antropologia (ABA) |
Pages | 4267-4276 |
Number of pages | 9 |
Volume | 3 |
ISBN (Electronic) | 978-85-62946-96-7 |
Publication status | Published - 2018 |
Event | 18º Congresso Mundial de Antropologia IUAES - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brazil Duration: 16 Jul 2018 → 20 Jul 2018 https://www.iuaes2018.org/ |
Conference
Conference | 18º Congresso Mundial de Antropologia IUAES |
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Country/Territory | Brazil |
City | Florianópolis |
Period | 16/07/18 → 20/07/18 |
Internet address |
Keywords
- Migrações
- Classes sociais
- Património
- Memória