As revistas na I República (1910-1926)

Enquanto na Monarquia as revistas se sucederam num ritmo vertiginoso, na I República isso não aconteceu. Somente as revistas ABC, Ilustração e Ilustração Portuguesa, que já vinha da Monarquia, foram rele-vantes nesse período. A Domingo Ilustrado, uma publicação popular, durou, somente, três anos — mas abriu as portas à mais sofisticada Notícias Ilustrado. Várias revistas importantes do tempo da Monarquia desapareceram. A revista Serões terminou a publicação em 1911; a revista Brasil-Portugal, em 1914; e a revista O Ocidente, no ano seguinte. Uma revista generalista, para singrar numa sociedade cada vez mais industrializada e complexa, exi-gia meios vultuosos e uma capacidade editorial notável, orientada para seduzir um público cada vez mais vasto e interclassista por meio de palavras e imagens, particularmente de fotografias — muitas fotografias. O carácter quase artesanal e, em certos casos, elitista, de muitas das revistas da Monarquia não tinha forma de ser repli-cado no século XX. A influência da imprensa e, no caso, das revistas na sociedade portuguesa tornou-se parti-cularmente evidente durante a I Guerra Mundial, período durante o qual o Governo português, na senda, aliás, do que fizeram outras potências beligerantes, tentou usar a imprensa para propaganda e chegou a criar revistas propagandísticas, como a Portugal na Guerra, que, ainda que publicada em Paris, chegava, também, a Portugal. Com a ela encerrar-se-á esta narrativa histórica sobre as grandes revistas generalistas portuguesas durante esse período tumultuoso da história de Portugal — a I República.

While during the Monarchy magazines followed each other at a dizzying pace, in the First Republic this did not happen. Only the magazines ABC, Ilustração and Ilustração Portuguesa were relevant in this period. Domingo Ilustrado, a popular publication, lasted only three years, although open the doors to the important
and sophisticated magazine Notícias Ilustrado . Several important magazines from the time of the Monarchy disappeared. The magazine Serões ended its publication in 1911; the magazine Brasil-Portugal, in 1914; and the magazine O Ocidente, in the following year. So, in order to succeed in an increasingly industrialized and complex society, a generalist magazine required enormous resources and a remarkable editorial capacity, to seduce
an increasingly broad and inter-class audience through words and images, particularly photographs — lots of photographs. The almost artisanal and, in some cases, elitist character of many of the magazines of the monarchy had no way of being replicated in the 20th century. The influence of the press and, in this case, magazines, in Portuguese society became particularly evident during World War I, a period during which the Portuguese
government, following the example of other belligerent powers, tried to use the press for propaganda and even
created propaganda magazines, such as Portugal na Guerra, which, although published in Paris, also reached Portugal. With it, this historical narrative on the major Portuguese generalist magazines during that tumultuous period in Portugal’s history — the First Republic — will come to a close.