Abstract
A primeira greve da história ocorreu no ano 29 do reinado de Ramsés III (1194 – 1163 a.C.), o último dos grandes faraós do Egipto, no dia 10 do segundo mês de péret e foi levada a cabo pelos trabalhadores de Deir el-Medina. Esta vila fora construída, de raiz, numa colina arenosa na extremidade sul de Tebas Ocidental, a meio caminho entre o Vale dos Reis e o Vale das Rainhas, a fim de albergar os diferentes e especializados trabalhadores das sepulturas reais, que ostentavam o nome de “Trabalhadores do Túmulo Real” ou “Servidores do Lugar da Verdade”, e as suas respectivas famílias. A sobrevivência de toda esta gente naquela zona inóspita dependia, directamente, do cumprimento escrupuloso das medidas estabelecidas pela administração, nomeadamente no que dizia respeito ao “pagamento de salários”. Ora será exactamente perante um atraso no pagamento destas remunerações que estes trabalhadores decidiram suspender o trabalho e, sem qualquer tipo de planeamento prévio, manifestaram-se espontaneamente, a fim de reclamar os seus direitos. Com o tempo e com a repetição dos atrasos estes protestos começaram a ganhar contornos mais políticos, denunciando a corrupção, a incompetência, as prevaricações e os escândalos que se vinham abatendo sobre a instituição funerária.
O mundo do século XII a.C., de que o Egipto fazia parte, mudara completamente. Os anos de más colheitas em todo o Próximo Oriente e as movimentações de povos que procuravam zonas férteis e seguras para se fixar, tinham transformado o Egipto num alvo muito apetecível e tentador e o poder unificador, centralizador e regulador do faraó sairá debilitado face a esta conjuntura internacional adversa.
O mundo do século XII a.C., de que o Egipto fazia parte, mudara completamente. Os anos de más colheitas em todo o Próximo Oriente e as movimentações de povos que procuravam zonas férteis e seguras para se fixar, tinham transformado o Egipto num alvo muito apetecível e tentador e o poder unificador, centralizador e regulador do faraó sairá debilitado face a esta conjuntura internacional adversa.
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | In Memoriam |
Subtitle of host publication | Estudos de homenagem a António Augusto Tavares |
Editors | João Luís Cardoso, José das Candeias Sales |
Place of Publication | Lisboa |
Publisher | Universidade Aberta |
Pages | 54-63 |
Number of pages | 9 |
ISBN (Print) | 978-972-674-809-0 |
Publication status | Published - 2018 |
Publication series
Name | Ciência e Cultura |
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Volume | 2 |
Keywords
- Greves
- Trabalhadores
- Deir el-Medina
- Ramsés III