Abstract
Este artigo propõe uma análise ao Álbum Etnográfico da expedição portuguesa ao Muatiânvua, potentado Lunda, no interior de Angola. As fotografias foram produzidas durante a expedição, chefiada pelo major Henrique Dias de Carvalho, entre 1884 e 1888. Procura-se situar a atividade fotográfica no contexto desta expedição, nas suas diversas dimensões políticas e científicas e compreender as políticas de imagem e algumas das retóricas visuais que foram usadas neste contexto colonial. Dado o amplo uso das fotografias para produzir as gravuras da extensa obra científica de Henrique Dias de Carvalho, examinamos as suas propostas metodológicas no campo da etnografia. Este artigo apoia-se sobretudo em conceitos semióticos, na teoria e história da fotografia, na epistemologia das ciências e em pesquisas da documentação da expedição e do seu contexto. Contudo, deve ser lido à luz dos debates em Cultura Visual sobre as imagens como construções políticas. De facto, mostramos que a defesa vigorosa e sincera que Henrique Dias de Carvalho atribui ao estudo das culturas africanas, e até ao respeito por elas, existe tendo subjacente um desígnio colonial, mais abrangente e inquestionado: o de conhecer para melhor dominar.
Original language | Portuguese |
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Article number | 4 |
Pages (from-to) | 53-77 |
Number of pages | 24 |
Journal | Revista de Comunicação e Linguagens |
Volume | 47 |
Publication status | Published - Dec 2017 |
Keywords
- Retratos
- Fotografia
- Expedições científicas
- Etnografia
- Angola
- Henrique Dias de Carvalho