Abstract
Na primeira metade do século XIX, assistimos em Portugal à multiplicação de iniciativas visando o aperfeiçoamento geral da saúde pública e dos cuidados médicos prestados às populações. Melhorar a cobertura terapêutica do território, uniformizar e fiscalizar as práticas de saúde e reprimir procedimentos de forte
implementação nos quotidianos – boticas conventuais, remédios de segredo, curandeirismo – constituíram os propósitos centrais destas diligências. Projecto político complexo, a eficácia das medidas dependeu, quase
sempre, da colaboração das populações e dos poderes locais, tendo como principal e mais simbólico insucesso a repressão da medicina popular. O presente artigo debruça-se sobre as causas desta permanência, a toda a
prova, das práticas de medicina popular, procurando caracterizar este universo desconhecido.
In the first half of the nineteenth century, multiple initiatives to improve public health and medical care were implemented in Portugal. The main purposes of these initiatives included improving health coverage nationally, standardizing and supervising health practices, and repressing procedures strongly rooted in daily life – convent dispensaries, secret remedies, quackery, etc. As a complex political project, the effectiveness of its actions often depended on the collaboration of the public and local authorities, but its primary and most symbolic failure was the inability to repress folk medicine. This article focuses on the causes of the permanence, despite all efforts to the contrary, of the practice of folk medicine, intending to characterize this unknown universe.
implementação nos quotidianos – boticas conventuais, remédios de segredo, curandeirismo – constituíram os propósitos centrais destas diligências. Projecto político complexo, a eficácia das medidas dependeu, quase
sempre, da colaboração das populações e dos poderes locais, tendo como principal e mais simbólico insucesso a repressão da medicina popular. O presente artigo debruça-se sobre as causas desta permanência, a toda a
prova, das práticas de medicina popular, procurando caracterizar este universo desconhecido.
In the first half of the nineteenth century, multiple initiatives to improve public health and medical care were implemented in Portugal. The main purposes of these initiatives included improving health coverage nationally, standardizing and supervising health practices, and repressing procedures strongly rooted in daily life – convent dispensaries, secret remedies, quackery, etc. As a complex political project, the effectiveness of its actions often depended on the collaboration of the public and local authorities, but its primary and most symbolic failure was the inability to repress folk medicine. This article focuses on the causes of the permanence, despite all efforts to the contrary, of the practice of folk medicine, intending to characterize this unknown universe.
Original language | Portuguese |
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Pages (from-to) | 77-88 |
Number of pages | 12 |
Journal | CEM. Cultura, Espaço & Memória |
Volume | 5 |
Publication status | Published - 2014 |
Keywords
- História da medicina
- Populações
- Políticas de saúde
- Medicina popular