As alterações climáticas e as zonas litorais

Na sequência de eventos meteorológicos recentes que deixaram uma importante
sequela sob o ponto de vista ambiental, social e económico em países desenvolvidos, as alterações climáticas estão finalmente a centrar as atenções das pessoas. As zonas litorais, onde a terra/rios têm a sua interface com o mar, são uma das regiões mais sensíveis a estas alterações, até porque correspondem a áreas onde a ocupação humana tem vindo a concentrar-se, especialmente desde o final do passado milénio. Os eventos climáticos, nomeadamente os extremos, podem afetar profundamente estes
locais sensíveis onde, considerando a degradação ambiental e socioeconómica, a execução dos requisitos para um desenvolvimento sustentável é essencial face aos problemas de erosão que ali ocorrem. A antevisão da subida do nível médio do mar e o aumento da intensidade e frequência das tempestades fazem prever a aceleração da degradação da orla marítima e consequente recuo da linha de costa, por inundação e/ou erosão.
As figuras de erosão têm sempre três componentes: solo ou rocha, água e geometria da barreira com que a água está a interagir. A erosão das arribas e taludes, uns moldados em solos, outros em maciços rochosos, mais ou menos
rijos, ou em rochas mais brandas, e ainda o desgaste e/ou arraste das plataformas de solos grosseiros - praias e dunas, que frequentemente as protegem, ameaçam as estruturas e infraestruturas instaladas nessas regiões,
bem como os meios de subsistência e valores naturais e culturais das populações.