Abstract
José Rodrigues Miguéis suffered serious health problems. Deprived of his memory and his physical and mental abilities, he decided to report this ultimate limit state, at the border of life and himself. Therefore, the text "Um Homem Sorri à Morte - Com Meia Cara", does not belong to autobiographical literature, but rather to self-portrayal narrative. The narration is not presented as a diary or a list of memories; rather, it is a search for memories that the subject of enunciation lost, due to his illness. Thus, Miguéis praises the work of memory. The self is the other, which has lost the sense of being and of things. The personal register of this narrative allows us to address the question of identity / alterity of the author, according to a complementary approach to fiction. This question of identity becomes more pressing as it is linked to Miguéis’s status as a foreign writer in exile in the USA, despite being a US citizen since 1942. Miguéis reveals a personal era marked by the loss of capacity, as accurately portrayed through his physical and mental state, and marked by a struggle for his own life.
José Rodrigues Miguéis foi vítima de graves problemas de saúde. Privado da sua memória, das suas capacidades físicas e mentais, decidiu relatar esse estado limite, na fronteira entre a vida e ele próprio. O seu texto "Um Homem Sorri à Morte - Com Meia Cara" pertence, portanto, não à literatura autobiográfica, mas sim ao autorretrato. Esta narração não é apresentada como um diário ou uma lista de memórias. É, antes, uma pesquisa da memória que o sujeito de enunciação perdeu, devido à sua doença. Dessa forma, Miguéis elogia o trabalho de memória. O eu é o outro, o que perdeu o sentido dos seres e das coisas. O registo pessoal desta narrativa permite-nos abordar a questão da identidade / alteridade do autor, segundo uma abordagem complementar à ficção. Essa questão identitária torna-se mais premente uma vez que está ligada ao próprio estatuto de Miguéis, escritor estrangeiro exilado nos EUA, apesar de ter adquirido a nacionalidade americana em 1942. Miguéis dá-nos a conhecer uma época marcada pela perda de capacidade, exposta com precisão através do seu estado físico e mental, mas também marcada pela luta que travou pela sua própria vida.
José Rodrigues Miguéis foi vítima de graves problemas de saúde. Privado da sua memória, das suas capacidades físicas e mentais, decidiu relatar esse estado limite, na fronteira entre a vida e ele próprio. O seu texto "Um Homem Sorri à Morte - Com Meia Cara" pertence, portanto, não à literatura autobiográfica, mas sim ao autorretrato. Esta narração não é apresentada como um diário ou uma lista de memórias. É, antes, uma pesquisa da memória que o sujeito de enunciação perdeu, devido à sua doença. Dessa forma, Miguéis elogia o trabalho de memória. O eu é o outro, o que perdeu o sentido dos seres e das coisas. O registo pessoal desta narrativa permite-nos abordar a questão da identidade / alteridade do autor, segundo uma abordagem complementar à ficção. Essa questão identitária torna-se mais premente uma vez que está ligada ao próprio estatuto de Miguéis, escritor estrangeiro exilado nos EUA, apesar de ter adquirido a nacionalidade americana em 1942. Miguéis dá-nos a conhecer uma época marcada pela perda de capacidade, exposta com precisão através do seu estado físico e mental, mas também marcada pela luta que travou pela sua própria vida.
Original language | Portuguese |
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Pages (from-to) | 417-426 |
Number of pages | 20 |
Journal | Interdisciplinary Journal of Portuguese Diaspora Studies |
Volume | 4 |
Issue number | 2 |
Publication status | Published - 2015 |
Keywords
- Self-portrait
- Identity/alterity
- Memories
- Illness
- José Rodrigues Miguéis