A recepção de têxteis chineses na Arquidiocese de Braga (século XVII): testemunhos de um gosto português

O texto que de seguida se apresenta procede do estudo que outrora empreendemos em torno de um paramento chinês bordado do século XVII que integra o espólio artístico do Museu da Irmandade de Santa Cruz de Braga. A história deste conjunto de alfaias litúrgicas, entrecruza-se com a de outras peças que da China vieram para Portugal por iniciativa de Francisco Carvalho Aranha, um influente e poderoso homem de Macau. Através do cruzamento de documentação dispersa por alguns arquivos nacionais propomo-nos analisar o tipo de práticas e procedimentos adoptados, com vista à obtenção de artigos chineses. Segundo nos tem sido possível compreender, através da investigação que desenvolvemos sobre os têxteis chineses em Portugal e sua presença nas opções decorativas sacras de aparato (séculos XVI-XVIII), trata-se de um tipo de produção que parece ter sido tão apreciado entre nós, que a sua adopção chega mesmo a contrariar as directrizes diocesanas então vigentes, designadamente aquelas bracarenses.

This text follows the study that I had the opportunity to develop about a Chinese embroidered ornament from the 17th century belonging to the Saint Cross Brotherwood Museum of Braga. The history of this liturgical set intercrosses with other Chinese pieces that came to Portugal under the iniciative of Francisco Carvalho Aranha, an influent and powerful man from Macao. Through the analysis of documentation that still exists I propose to discuss the type of practices and procedures adopted in order to obtain Chinese textiles. As far as I can understand over the research I’ve been undertaking about Chinese Textiles in Portugal and their use in solemn sacred decorative options between the 16th and 18th centuries, this kind of commodity seems to have been so valued that its use even manages to contradict the diocesan guidelines then effective, particularly those from Braga.