Abstract
Os interesses do Mosteiro da Trindade de Lisboa no território que atualmente corresponde ao concelho do Seixal remontam, pelo menos, a meados do século XIV e inscrevem-se no âmbito das relações tecidas com os almirantes de Portugal ou seus servidores.A Quinta da Trindade subsiste como testemunho dessa ancestral relação,constituindo hoje um dos elementos patrimoniais mais relevantes entre os subsistentes no concelho do Seixal. As referências à existência de construções no local que corresponde a este imóvel remontam pelo menos a 1468, época em que D. Brites Pereira, filha do almirante Carlos Manuel Pessanha e viúva do almirante Rui de Melo,adquiriu propriedades no Cabo da Azinheira. Aquando da sua morte, em 1483, a propriedade foi deixada em testamento ao Mosteiro da Ordem da Santíssima Trindade,consagrada ao resgate de cativos.Na sequência da extinção das ordens monásticas masculinas, ocorrida em Portugal em 1834, a Quinta da Trindade foi integrada na Fazenda Nacional e vendida em hasta pública ao conselheiro Joaquim Inácio de Lima. Desde então, conheceu diversos proprietários, entre os quais se contam Francisco Azevedo e Sá, presidente da Câmara Municipal do Seixal em 1881, o Conde de Farrobo, Jean Henri Burnay, Manuel Francisco Gomes Júnior e Manuel Martins Gomes Júnior.A residência da Quinta da Trindade tal como hoje a conhecemos resulta de uma intervenção realizada na última década do século XIX, promovida por Jean Henri Burnay, médico belga que fixou residência em Portugal, segundo projeto do arquiteto Jules Brunfaut, também de nacionalidade belga. No edifício, conjugaram-se as construções já existentes, das quais subsistem cantarias de portas e janelas e uma escadaria monumental, com outros elementos arquitetónicos provavelmente provenientes de demolições de edifícios de várias épocas, nomeadamente alguns lambris de azulejos. Pretende-se com a presente comunicação apresentar os resultados dainvestigação desenvolvida nos últimos anos, adotando uma perspetiva diacrónica emque se realça a ligação da propriedade ao património dos Almirantes de Portugal e seapresentam documentos escritos inéditos relativos à gestão deste imóvel
Original language | Portuguese |
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Pages (from-to) | 181-202 |
Number of pages | 22 |
Journal | TRINITARIUM. Revista de Historia y Espiritualidad Trinitaria |
Volume | 27 |
Publication status | Published - Jul 2020 |
Keywords
- Almirantado
- Seixal
- Trinitários