A propriedade régia no mercado imobiliário da Lisboa medieval (1438-1481)

Embora o rei fosse proprietário de diversos bens espalhados por todo o casco urbano de Lisboa, era na Ribeira, o espaço mais emblemático da cidade, que eles se concentravam, por vezes de
forma quase exclusiva. Todos eles eram explorados em regime enfitêutico, a troco de rendas que, em regra, eram superiores àquelas outras que se praticavam nas demais cidades portuguesas. Eram, no entanto, bens muito procurados, verificando-se, por vezes, o recurso a subterfúgios vários para obter a titularidade sobre um deles, dada a importância que adquirira a posse
de direitos, enfitêuticos eles fossem, sobre um bem assente em solo urbano. Sobretudo se ele fosse tão valorizado como o de Lisboa o era neste final da Idade Média.

Although the king owned many properties across the entire Lisbon urban sprawl, it was in Ribeira, the city’s most iconic location, that most of them were concentrated, sometimes almost
exclusively. They were all explored under emphyteusis contracts, whose value was usually higher than those practiced in other Portuguese cities. Nevertheless, they were highly sought after, and sometimes people even resorted to subterfuges to secure titularity over one of them, such was the importance that ownership rights,
even under emphyteusis contracts, over property located on urban land had acquired at the time. Especially when those properties were as highly valued as the ones in Lisbon were at the
end of the Middle Ages.