Abstract
Esta obra elabora uma revisão dos conceitos de nação e de identidade nacional, evidenciando-se uma clivagem entre o conceito de nação étnica e o de nação cívica. A partir daqui, esboça-se uma definição de identidade nacional, que se estabelece por confronto com o Outro e se revela uma realidade multifacetada, incluindo elementos como o território, o Estado, a Constituição, a língua, a história, os mitos, a religião e a arte.
Ao traçar o perfil identitário da nação portuguesa, apresentam-se perspetivas de vários ensaístas portugueses sobre o caráter nacional, sendo que uns consideram a alma nacional como uma essência, um quid enigmático, por vezes personificado e alvo de conjeturas psicanalíticas (Teixeira de Pascoaes, António Quadros, Francisco da Cunha Leão e Eduardo Lourenço), e outros optam por uma visão mais objetiva e nacionalista, segundo a qual a identidade de um povo resulta da sua ação, do modo como ele reage ao devir histórico (Oliveira Martins, Fidelino de Figueiredo, António Sérgio, Damião Peres e António José Saraiva).
No processo de construção da identidade nacional portuguesa a literatura tem um papel fundamental. Esta não se limita a ser um mero espelho da realidade, mas constrói ela própria também modelos identitários que perpassam para o mundo extraliterário, instituindo-se enquanto parte da memória nacional.
Este estudo da identidade nacional na literatura portuguesa inicia-se na época medieval, com autores que demonstram os primeiros laivos de uma consciência nacional: Fernão Lopes, Zurara, Garcia de Resende e D. Duarte. No Renascimento, é Camões o expoente máximo da consagração do nacionalismo, através da celebração e consolidação da identidade nacional na narrativa épica. Em António Vieira, dá-se a mitificação do império português: no século XVII, o pensamento literário sobre o destino da nação portuguesa é dominado pelos escritos do jesuíta, em que desenvolve o mito do Sebastianismo e profetiza o Quinto Império. O Romantismo, momento inaugural de uma procura consciente da essência do ser português, leva a um retorno às origens, às genuínas tradições nacionais. Nele germina já a semente da decadência, diagnosticada pela Geração de 70 na segunda metade do século. A Geração de 90, ensombrada pelo Ultimato inglês, revela uma visão acentuadamente pessimista da nação, agravada pelo espírito finissecular; este sentimento de desolação tem o seu reverso no Neogarrettismo, movimento que procura recuperar o Portugal rural, tradicional, distanciando-se de qualquer progresso social ou tecnológico.
Ao traçar o perfil identitário da nação portuguesa, apresentam-se perspetivas de vários ensaístas portugueses sobre o caráter nacional, sendo que uns consideram a alma nacional como uma essência, um quid enigmático, por vezes personificado e alvo de conjeturas psicanalíticas (Teixeira de Pascoaes, António Quadros, Francisco da Cunha Leão e Eduardo Lourenço), e outros optam por uma visão mais objetiva e nacionalista, segundo a qual a identidade de um povo resulta da sua ação, do modo como ele reage ao devir histórico (Oliveira Martins, Fidelino de Figueiredo, António Sérgio, Damião Peres e António José Saraiva).
No processo de construção da identidade nacional portuguesa a literatura tem um papel fundamental. Esta não se limita a ser um mero espelho da realidade, mas constrói ela própria também modelos identitários que perpassam para o mundo extraliterário, instituindo-se enquanto parte da memória nacional.
Este estudo da identidade nacional na literatura portuguesa inicia-se na época medieval, com autores que demonstram os primeiros laivos de uma consciência nacional: Fernão Lopes, Zurara, Garcia de Resende e D. Duarte. No Renascimento, é Camões o expoente máximo da consagração do nacionalismo, através da celebração e consolidação da identidade nacional na narrativa épica. Em António Vieira, dá-se a mitificação do império português: no século XVII, o pensamento literário sobre o destino da nação portuguesa é dominado pelos escritos do jesuíta, em que desenvolve o mito do Sebastianismo e profetiza o Quinto Império. O Romantismo, momento inaugural de uma procura consciente da essência do ser português, leva a um retorno às origens, às genuínas tradições nacionais. Nele germina já a semente da decadência, diagnosticada pela Geração de 70 na segunda metade do século. A Geração de 90, ensombrada pelo Ultimato inglês, revela uma visão acentuadamente pessimista da nação, agravada pelo espírito finissecular; este sentimento de desolação tem o seu reverso no Neogarrettismo, movimento que procura recuperar o Portugal rural, tradicional, distanciando-se de qualquer progresso social ou tecnológico.
Original language | Portuguese |
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Place of Publication | Lisboa |
Publisher | CHAM, FCSH/NOVA-UAc |
Number of pages | 275 |
ISBN (Print) | 9789898492319 |
Publication status | Published - Dec 2015 |
Publication series
Name | Teses |
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Publisher | CHAM |
Volume | 10 |