Abstract
Nesta apresentação pretendo interpretar a sequência da faina piscatória de Mudar de Vida (1967) à luz, não das características que partilha com o designado Cinema Novo Português — e com o qual a obra se encontra estética e historicamente identificada —, mas, sobretudo, partindo daquilo que defenderei ser o principal elemento estético do filme: a construção de um espaço que vive da constante passagem de meras relações físicas com a realidade, para relações sociais abertas a renegociação e viceversa. Argumentarei ainda que essa duplicidade encontra um eco direto na relação que os diferentes planos estabelecem com o espetador através da passagem alternada entre uma visualidade háptica e uma visualidade óptica. Esta análise colocar-nos-á diretamente em diálogo com um dos mais importantes debates contemporâneos sobre a imagem cinematográfica: a questão das relações da e com a imagem e dos diversos tipos de visualidade construídos no Cinema. Como referi acima, procurarei defender que a sequência da faina piscatória se encontra operacionalizada com base numa montagem contrastada entre dois tipos de visualidade: a visualidade háptica e visualidade óptica. Em seguida, analisarei as características formais de cada uma delas, os seus apelos estéticos e a forma como eles se encontram presentes nos diferentes planos desta sequência. A partir desta análise discutirei aquilo que considero ser a inalienável contemporaneidade deste filme de Paulo Rocha à luz das mais recentes discussões sobre a materialidade da imagem háptica (Riegl, Deleuze, Marks).
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | VI Jornadas do Cinema em Português |
Editors | Frederico Lopes |
Place of Publication | Covilhã |
Publisher | LABCOM |
Pages | 11-20 |
Number of pages | 10 |
ISBN (Electronic) | 978-989-654-167-5, 978-989-654-166-8 |
ISBN (Print) | 978-989-654-165-1 |
Publication status | Published - 2014 |
Keywords
- Paulo Rocha
- Háptico
- Cinema Português