Abstract
A esquizofrenia, e outras perturbações mentais, têm sido definidas actualmente mais a partir de traços e dimensões do que do estudo do sujeito doente. Historicamente esta situação está ligada à evolução dos instrumentos de diagnóstico DSM e ICD, que visam ser objectivos e a-teóricos (Abreu, 2013). Andreasen (2007) sustenta que a hegemonia do diagnóstico pelo DSM levanta alguns problemas: os clínicos focalizam-se apenas nalguns sintomas característicos, desprezando os que não estão incluídos no manual; há uma desumanização porque o clínico apenas consulta listas comportamentos desinteressando-se por conhecer o sujeito esquizofrénico; a validade tem sido sacrificada à confiabilidade.
Penso ser então necessário retomar uma perspectiva que, para além da abordagem anteriormente descrita, coloque o sujeito esquizofrénico em primeiro plano. A corrente da psicopatologia fenomenológica clássica e a psicopatologia psicanalítica cumprem esse requisito. No entanto, tem havido desenvolvimentos teóricos importantes dentro da linha fenomenológica (enquanto, penso, a psicanálise tem como referência autores com mais de 20 anos). Sass (2013) resumiu recentemente o modelo da esquizofrenia enquanto perturbação do si (self). Esta perturbação não se processa tanto ao nível do chamado “si narrativo”, mas no nível mais fundamental do que tem sido teorizado como “si mínimo” ou “nuclear”. A híper-reflexividade e a diminuição da auto-afecção são as duas propriedades fundamentais do instável si nuclear do esquizofrénico. Pretendo nesta comunicação caracterizar a esquizofrenia enquanto perturbação do si nuclear nos seus 3 eixos de primeira pessoa, presença a si e fenomenalidade.
Esclareço, entretanto, alguns equívocos frequentes na Psicologia relativos à consciência e à introspecção.
Penso ser então necessário retomar uma perspectiva que, para além da abordagem anteriormente descrita, coloque o sujeito esquizofrénico em primeiro plano. A corrente da psicopatologia fenomenológica clássica e a psicopatologia psicanalítica cumprem esse requisito. No entanto, tem havido desenvolvimentos teóricos importantes dentro da linha fenomenológica (enquanto, penso, a psicanálise tem como referência autores com mais de 20 anos). Sass (2013) resumiu recentemente o modelo da esquizofrenia enquanto perturbação do si (self). Esta perturbação não se processa tanto ao nível do chamado “si narrativo”, mas no nível mais fundamental do que tem sido teorizado como “si mínimo” ou “nuclear”. A híper-reflexividade e a diminuição da auto-afecção são as duas propriedades fundamentais do instável si nuclear do esquizofrénico. Pretendo nesta comunicação caracterizar a esquizofrenia enquanto perturbação do si nuclear nos seus 3 eixos de primeira pessoa, presença a si e fenomenalidade.
Esclareço, entretanto, alguns equívocos frequentes na Psicologia relativos à consciência e à introspecção.
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | Actas do IX Congresso Iberoamericano de Psicologia |
Subtitle of host publication | 2º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Lisboa, 9-13 Setembro 2014 |
Place of Publication | Lisboa |
Publisher | Ordem dos Psicólogos Portugueses |
Pages | 87-99 |
Number of pages | 12 |
ISBN (Print) | 978-989-99037-2-2 |
Publication status | Published - 2016 |
Keywords
- Auto-afecção
- Si
- Esquizofrenia
- Híper-reflexividade