Abstract
Questionando o Iluminismo na sua premissa da existência de uma Razão universal que Eric Wolf abordou em pormenor (1999) ou ainda daquilo que Sahlins chamou de “ilusão ocidental da natureza humana” (2011), a Antropologia pode ter no futuro um campo significativo para pensar o mundo em que vivemos. No capitalismo de vocação universal que o neoliberalismo conseguiu impor, a naturalização das ideias que o justificam fazem parte de uma corrente hegemónica que transforma a ideologia neoliberal numa condição da natureza humana. As culturas de resistência são assim uma condição para pensar práticas contra-hegemónicas, ou simplesmente realidades sociais que escapam ainda à expropriação de bens comuns, à privatização do futuro enquanto espaço de desejo e de imaginação coletiva. Na praxis da utopia concreta de Bloch (1982), pode residir o horizonte da expectativa de que o que está para vir existe já. Existirá maior desafio para as ciências sociais?
Original language | Portuguese |
---|---|
Pages (from-to) | 513-531 |
Number of pages | 19 |
Journal | TAE - Trabalhos de Antropologia e Etnologia |
Volume | 60 |
Publication status | Published - 2020 |
Keywords
- Contra-hegemonia
- Utopia
- Resistência