Abstract
Nesta investigação tomo como ponto de partida a presença de não-actores na cena teatral contemporânea para colocar a seguinte questão: o que levará certos encenadores a prescindirem de séculos de aperfeiçoamento do trabalho técnico do actor profissional para o substituir por alguém não treinado, tido como real, por ser recorrentemente chamado a representar-se a si próprio? Esta atracção dramatúrgica pelo real, instaura formas de ruptura artística assentes na busca da autenticidade em cena. Uma ruptura que valoriza a natureza performativa específica do actor-nãoactor e que participa de um processo mais vasto de retorno do real que emergiu ao longo do século XX, instaurando novas convenções na produção artística. Assim, àquela primeira questão, pode juntar-se uma outra: o que acontece quando um indivíduo, que nunca pisou o palco antes, aceita participar num espectáculo profissional que depende da sua fragilidade e exposição? Procuro então, aceder à natureza da experiência que envolve o acesso à cena por parte dos actores-nãoactores, constatando que a sua biografia atravessa permanentemente a dramaturgia. Para tal utilizei a etnografia resultante de trabalho de campo realizado em vários contextos cénicos na zona da grande Lisboa entre final de 2007 e meados de 2015.
Original language | Portuguese |
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Qualification | Doctor of Philosophy |
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Supervisors/Advisors |
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Thesis sponsors | |
Award date | 28 Sept 2016 |
Publication status | Published - 2016 |