Abstract
A maior parte das vozes que se têm levantado para falarem da guerra colonial portuguesa sublinham quase sempre o silêncio que se tem feito sentir sobre o tema em Portugal. A cada novo museu, monumento, ensaio de inves- tigação ou jornalístico, livro ou projeto artístico, esse discurso ressurge para justificar a necessidade de se falar da guerra. Contudo, quando começamos a analisar o arquivo que se tem vindo a constituir, a questão do silêncio torna-se paradoxal, na medida em que não só o acervo constituído é quantitativamente expressivo, como não para de crescer. Basta acedermos a bases de dados biblio- gráficas, como as existentes na Biblioteca Museu da República e da Resistência1 (Mascarenhas, 1996), ou de registos de livros, filmes e documentários no site Guerra Colonial 1961-19742 para nos darmos conta desse facto. A este dis- curso, junta-se ainda, frequentemente, um outro que se refere ao silêncio sobre a guerra colonial como uma singularidade portuguesa. E, contudo, a análise bibliográfica que tem vindo a ser produzida em várias partes do mundo sobre o tema da pós-memória da guerra mostra que assim não é. O que faz então com que o discurso da singularidade do silêncio português permaneça?
Original language | Portuguese |
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Pages (from-to) | 95-108 |
Number of pages | 13 |
Journal | Colóquio Letras |
Issue number | 191 |
Publication status | Published - 2016 |