Abstract
Poder-se-ia dizer que a alienação, tal como o Ser, se diz de muitas maneiras. Nas próximas linhas, cruzando autores e obras literárias muito heterogéneas, ilustraremos esta aparente equivocidade do conceito de alienação da mente. Trata-se de uma noção que fez história no âmbito da psiquiatria desde que Philippe Pinel concebeu o louco como alguém alienado por se encontrar fora de si mesmo mas que, em sentido muito diverso, surge teorizada na literatura de espiritualidade cristã como uma forma superior de intelecção e compreensão do absoluto. Caso raro de ambiguidade fundamental de uma palavra ou conceito que nos interpelou e que tentaremos problematizar nas linhas que se seguem, tomando como ponto de partida as intuições poéticas de Fernando Pessoa acerca das relações, complexas e estreitas, entre lucidez e loucura, verdade e alienação para rematarmos, depois, com uma análise sucinta de um texto tardo-medieval português anónimo intitulado Boosco Deleitoso. De que falam os poetas quando escrevem sobre a alienatio mentis? E de que falam os psiquiatras, pelo menos os primeiros a recorrer ao termo, quando se referem ao louco como alienado ou a alguém que está fora de si mesmo?
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | A(s) poética(s) de Fernando Pessoa |
Editors | Nuno Ribeiro |
Place of Publication | Lisboa |
Publisher | Apenas Livros |
Pages | 119-141 |
Number of pages | 23 |
ISBN (Print) | 978-989-618-621-0 |
Publication status | Published - 2019 |
Keywords
- Alienatio mentis
- Mística
- Boosco Deleitoso
- Fernando Pessoa