TY - JOUR
T1 - É a Guerra o "Bom Pastor"?
T2 - Reação crítica a formulações de António Paulo Duarte
AU - Fernandes, António Horta
N1 - info:eu-repo/grantAgreement/FCT/5876/147248/PT#
UID/HIS/04666/2013
PY - 2014
Y1 - 2014
N2 - A teoria da estratégia é hoje cultivada na Escola Estratégica Portuguesa com um grau de sofisticação, mas também de debate que nos parece exemplar, e que nada fica a dever às reflexões e debates tanto no âmbito anglo-saxónico como no espaço francófono. O pensamento estratégico português, capitaneado desde há muito por Abel Cabral Couto, conseguiu até à data ver-se livre das más influências dos strategic studies de matriz anglo-saxónica, seguindo o seu caminho próprio, solidamente ancorado na questão da hostilidade, mas não deixando de ensaiar todo um conjunto de indagações de fronteira acerca da natureza da guerra e da estratégia. Uma dessas indagações, recentemente vindas ao conhecimento público, na revista Nação e Defesa , prestigiada publicação do Instituto da Defesa Nacional, da autoria de um dos mais eminentes estrategistas da Escola Estratégica Portuguesa, António Paulo Duarte, parece-nos absolutamente notável e ao mesmo tempo absolutamente perigosa. Não se trata do argumento defendido pelo autor estar nos antípodas da nossa ideia da estratégia ser antes de mais uma ética do conflito, mas de colocar de tal forma a guerra num pedestal que acaba por inviabilizar os esforços de paz, de racionalização, mesmo através da vitória ou da negociação, posição defendida pela maioria dos autores para quem na estratégia não vale tudo, não obstante serem bastante críticas da ideia de estratégia como ética do conflito. Neste sentido, rejeitamos com firmeza o prodigioso e brilhante argumento alguma vez defendido por um guerrista, e afinal António Paulo Duarte parece sê-lo.
AB - A teoria da estratégia é hoje cultivada na Escola Estratégica Portuguesa com um grau de sofisticação, mas também de debate que nos parece exemplar, e que nada fica a dever às reflexões e debates tanto no âmbito anglo-saxónico como no espaço francófono. O pensamento estratégico português, capitaneado desde há muito por Abel Cabral Couto, conseguiu até à data ver-se livre das más influências dos strategic studies de matriz anglo-saxónica, seguindo o seu caminho próprio, solidamente ancorado na questão da hostilidade, mas não deixando de ensaiar todo um conjunto de indagações de fronteira acerca da natureza da guerra e da estratégia. Uma dessas indagações, recentemente vindas ao conhecimento público, na revista Nação e Defesa , prestigiada publicação do Instituto da Defesa Nacional, da autoria de um dos mais eminentes estrategistas da Escola Estratégica Portuguesa, António Paulo Duarte, parece-nos absolutamente notável e ao mesmo tempo absolutamente perigosa. Não se trata do argumento defendido pelo autor estar nos antípodas da nossa ideia da estratégia ser antes de mais uma ética do conflito, mas de colocar de tal forma a guerra num pedestal que acaba por inviabilizar os esforços de paz, de racionalização, mesmo através da vitória ou da negociação, posição defendida pela maioria dos autores para quem na estratégia não vale tudo, não obstante serem bastante críticas da ideia de estratégia como ética do conflito. Neste sentido, rejeitamos com firmeza o prodigioso e brilhante argumento alguma vez defendido por um guerrista, e afinal António Paulo Duarte parece sê-lo.
M3 - Article
SN - 2182-5327
SP - 1
EP - 11
JO - IDN Brief
JF - IDN Brief
ER -