Na sua obra magna Os Lusíadas, Luis Vaz de Camões [1524/1525-1579/1580], o Poeta detentor de “muito engenho & muita erudição nas sciencias humanas” identificou, localizou e descreveu ao longo de várias passagens textuais alguns edifícios palacianos, uns irreais, concebidos no prodigioso imaginário do autor e amplamente explorados, como as efabuladas moradas dos deuses da religião greco-latina da Antiguidade Clássica, dentro e fora do Olimpo, outros reais contemplados e quem sabe se visitados pelo próprio, mas secamente tratados, como as residências dos reis e senhores dos gentios ao longo de todo o Oriente percorrido pelos primeiros navegadores portugueses. Quanto aos muitos palácios da Coroa portuguesa, as residências oficiais para aposentamento das pessoas reais, dentro e fora de Lisboa, Camões nada deixou escrito de forma explícita.
Pretende-se contextualizar, a partir da análise de Os Lusíadas, o conjunto de residências reais portuguesas ocupadas pela Família Real portuguesa na época de Camões.