Por Conventos, Palácios e Hospitais. Histórias de uma colina ao virar de cada esquina

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Description

Apesar de ser um dos locais onde existem evidências mais antigas da presença humana na cidade de Lisboa, a colina de Sant’Ana, definida pelo leito das ribeiras de Valverde e Arroios, manteve-se como uma área periférica ao núcleo urbano praticamente até ao final da Idade Média. Foi nessa altura que esta zona, talvez usada para pastoreio, começou a ser progressivamente ocupada, embora condicionada pela muralha fernandina erguida no final do século XIV. A área do topo da colina era então um grande terreiro, conhecido como curral do gado, onde aquele era reunido, vindo dos arredores, para ser vendido no mercado da cidade.
O aumento populacional a que se assistiu durante os séculos XV e XVI, em grande parte associado ao desenvolvimento do comércio marítimo, levou a que a cidade rapidamente ultrapassa-se as suas muralhas. Os primeiros reflexos dessa situação na colina de Sant’Ana foram a construção do Recolhimento de Sant’Ana e posteriormente do Colégio de Santo Antão-o-Novo, da Companhia de Jesus. Em pouco tempo surgiram outras casas religiosas, que com as suas cercas foram recortando o território da colina e à volta das quais se foram fixando pequenos núcleos populacionais.
A importância da colina começou lentamente a alterar-se em meados do século XVII quando Catarina de Bragança, viúva de Carlos II de Inglaterra, passou a viver no local, tendo mandado erguer para o efeito um paço e outros edifícios próximos do terreiro existente. Neste espaço que se foi definindo com a construção de outros palácios tinham lugar feiras e mercados.
Tal como os conventos, também estes palácios foram responsáveis pela fixação de comunidades ao seu redor, uma vez que os criados e servos destas casas residiam naquelas ou nas suas proximidades. Esta situação mantem-se após o terramoto de 1755, altura em que várias famílias se mudam para a colina, onde os estragos provocados pela tripla catástrofe foram moderados.
Alguns anos após a expulsão dos jesuítas, o Hospital Geral, até então localizado no Rossio, foi transferido para o Colégio de Santo Antão-o-Novo, passando a designar-se Hospital de São José.
Na segunda metade do século XVIII, uma vez que a família real durante algum tempo residiu no Paço da Bemposta, a colina vai continuar a atrair famílias nobres que vão mandar construir novos palácios. Foi também construída uma praça de touros junto do terreiro existente, que era frequentada, não só pela população da colina, mas também do resto da cidade.
As políticas liberais vão levar a diversas alterações no uso dos espaços da colina. Com o fim das ordens religiosas em 1834, a maioria conventos foram desactivados, passando a ter funções médico-hospitalares, à medida que foram sendo progressivamente anexados ao Hospital.
Por outro lado, embora a família real tenha deixado de residir na colina, tendo o paço sido cedido à Academia Militar, a maioria dos palácios continuam a existir, apesar de nalguns casos terem sido adaptados a outras funções.
Period10 Sep 2016
Event titleFestival TODOS 2016: Caminhada de Culturas
Event typeOther
LocationLisboa, PortugalShow on map
Degree of RecognitionLocal