A experiência musical é sempre e necessariamente uma experiência humana, dependente de interpretações, reacções emotivas e corporais: o elo que liga o sujeito ao som. Situadas em realidades históricas diferentes, Die Verwandlung de Franz Kafka (1915) e Never Let Me Go de Kazuo Ishiguro (2005) são duas obras literárias que, em pólos opostos do mesmo espectro, nos forçam a reflectir sobre a audição musical como experiência de humanização. Esta apresentação terá como propósitos analisar os modos como a música presente nestes textos, e materializada nas suas adaptações cinematográficas, estabelece uma relação com o absurdo; e pensar o conceito de auditory gaze, proposto por Lawrence Kramer, como refutação do animalesco e do artificial.