Description
Nesta comunicação, pretende-se apresentar um estudo de caso baseado em dados recolhidos em pesquisa anterior (Bandeira, 2017), que usou a metodologia da autoconfrontação simples (Clot, 2006; Drey, 2008) com professores de língua portuguesa (LP) no Brasil, a fim de verificar como as figuras de ação podem contribuir para a compreensão do trabalho docente.Conceito relativamente novo na área da Linguística, as figuras de ação “são precisamente os produtos interpretativos visando o agir (referente) e mobilizando os tipos de discurso” (Bulea, 2016, p. 198). Isto é, são configurações interpretativas do agir presentes nos textos e passíveis de serem identificadas por meio da relação entre coordenadas temáticas e discursivas, através de uma análise linguística que envolve tipos de discurso, eixos de referência temporal, actantes e relações predicativas. Assim, o objetivo do presente trabalho é identificar na prática de que forma as figuras de ação podem contribuir para compreender como professores apreendem seu agir docente.
No quadro de uma investigação mais ampla, esta comunicação configura-se como uma análise exploratória do que se pretende vir a ser alargado no âmbito do doutoramento. O caso a ser estudado será o de um professor de LP em uma turma do 3º ano do ensino médio brasileiro considerado exemplar no trato com os conhecimentos linguísticos (CL). Durante quatro sessões de autoconfrontação simples, esse professor produziu diversas ressignificações ao refletir sobre
sua prática docente. Este estudo irá analisar as ressignificações atribuídas ao atendimento da perspectiva sociointeracionista da linguagem (Bandeira, 2017), quando atribuiu suas decisões, estratégias e atitudes enquanto ensinava os CL baseado na tentativa de se aproximar das práticas sociais de referência dos seus alunos e da abordagem pragmático-discursiva dos CL.
Resta, portanto, esclarecer o conceito de ressignificação.De acordo com a epistemologia da Ergonomia Francesa (Clot, 2006), os trabalhadores significam sua atividade quando lhe atribuem sentidos e significados ao refletir e comentar
sobre ela. No entanto, ao se defrontarem com sua própria imagem durante a autoconfrontação, tornam-se outros para si mesmos e, assim, constroem ressignificações, ou seja, novos sentidos e significados sobre sua própria prática. Essas ressignificações da atividade são, portanto, estimuladas pela técnica da autoconfrontação, que abre para os profissionais novas possibilidades antes não aventadas, levando-os, pela observação e reflexão, a identificar
situações que, de outra forma, permaneceriam ocultas. Assim, ainda que as figuras de ação pareçam fundamentais para o entendimento do trabalho docente, acredita-se que as ressignificações também possam ser úteis, uma vez que: “[...] a reflexão linguageira constitui-se em (re)significações e não em reconstituições do passado real. Essa reflexão passa a servir de ‘cimento’ dos sentimentos, das relações, dos valores e dos conhecimentos profissionais” (Bulea,
Leurquin e Carneiro, 2013, p. 129).
Finalmente, ressalta-se que o uso das figuras de ação como recurso para operacionalizar a análise das ressignificações pode contribuir para o avanço na investigação sobre o ensino dos CL e, simultaneamente, ajudar no sentido de fazer avançar a teorização sobre as figurações do agir no quadro teórico-epistemológico do ISD.
Period | 20 Nov 2021 |
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Event title | 7th International Conference on Grammar & Text |
Event type | Conference |
Location | PortugalShow on map |
Degree of Recognition | International |
Keywords
- Trabalho docente
- Figuras de ação
- Língua portuguesa