Description
A contenção dos movimentos migratórios internacionais em reação aos efeitos da crise económica de 1929, aliado à política de autarcia económica portuguesa que defendia uma utilização máxima do seu capital humano, provocaram um aumento da tensão social e do desemprego em Portugal durante os anos 1930. A população rural viu-se com maior dificuldade em encontrar na emigração uma alternativa à situação social vivida e agravada com os efeitos da crise. Continuou-se, no entanto, a tentar sair irregularmente e clandestinamente para o Brasil e para França, embora a presença nesses países se tornasse difícil.A organização de uma emigração familiar e subsidiada para o Brasil a partir de 1936, com procedimentos administrativos e legais distintos da emigração espontânea, constituiu um parêntese na medida em que as políticas emigratórias nacionais procuravam preferencialmente favorecer uma emigração em que o envio das remessas e os laços com o país de origem não fossem interrompidos. Apoiada por ambos os governos – português e brasileiro -, esta emigração teve uma grande adesão da população rural do Norte, por ser vista como uma solução ao desemprego e uma alternativa à emigração irregular em Portugal. Porém, e já em 1938, a contestação da elite portuguesa levou à interrupção das saídas subsidiadas.
Nesta comunicação, pretendo questionar de que forma a crise económica de 1929 afetou as saídas portuguesas e a política de emigração. Para tal, irei analisar os impactos das políticas migratórias restritivas nos anos 1930 e a reação portuguesa perante esta situação, identificar os contornos da emigração subsidiada e evidenciar o seu papel na redução do desemprego em Portugal e enquanto indicador do fracasso do projeto ditatorial de autarcia económica.
Period | 29 Oct 2019 |
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Event title | Crise de 1929 e Grande Depressão em Portugal: Dinâmicas globais e impactos locais |
Event type | Conference |
Location | Lisbon, PortugalShow on map |
Degree of Recognition | National |