Description
Por considerar que o ensino da competência escrita em L2 requer instrução explícita (Cumming, 2001; Leki et al., 2008; Rinnert & Kobayashi, 2009) e que os manuais didáticos são fundamentais para o desenvolvimento das competências comunicativas (Tomlinson & Masuhara, 2018), pretendemos testar o uso do Ensino de Língua Baseado em Tarefas (ELBT) (Ellis, 2003; Byrnes & Manchón, 2014; Long, 2015; Castro, 2017) em materiais para o ensino da produção textual em português L2 (PL2).Partindo da premissa que a aprendizagem de L2 está centrada na ideia de solução de problemas relacionados com o mundo real (Skehan, 1996), e que tarefas de escrita são atos de construção de sentido voltados à apropriação de habilidades necessárias ao engajamento comunicativo nas esferas pessoais, sociais ou profissionais (Byrnes & Manchón, 2014), recorremos ao ELBT por permitir reflexões durante a produção de textos e estimular o uso real do PL2 (Pinto, 2020). Ademais, porque reúne dimensões da língua, do contexto social e dos processos mentais dos estudantes (Van den Branden, Bygate & Norris, 2009), julgamos que o ELBT pode ser articulado ao modelo de escrita como processo (Hyland, 2009), que tem sido apontado como adequado (Graham, 2018) para uma remodelação de ensino, que inclui, além de formas textuais, atenção aos processos de composição dos estudantes. Com o apoio de uma metodologia qualitativa e do emprego de análise de conteúdo, analisamos manuais de PL2 (Sippel, 2023) e observamos que tendem a utilizar a versão fraca da abordagem comunicativa (Richards & Rodgers, 2001) e um modelo de ensino de escrita como produto (Hyland, 2009), indo de encontro às recomendações oficiais para o ensino de PL2 (Schoffen & Martins, 2016), que orientam um trabalho com a prática de tarefas (gêneros textuais), dando ênfase ao uso efetivo da língua. Para compreender como utilizam manuais e demais recursos didáticos no ensino da competência escrita, realizamos entrevistas semiestruturadas com docentes da NOVA-FCSH e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Brasil), que revelaram, de um lado, a importância da instrução em sala de aula, da oferta diversificada de inputs, do ensino sistemático de gêneros e de planificação e revisão textual; de outro, a falta de apoio a essas questões nos manuais didáticos. No âmbito deste estudo, nossa intenção é apresentar materiais, resultantes da análise dos manuais e das entrevistas, produzidos com os pressupostos do ELBT, e avaliar seus efeitos.
Para construir os recursos, buscamos articular os componentes do processo de produção textual – planificação, escrita e revisão (Grabe & Kaplan, 1996) – com atividades de pré-tarefa (para planificar a produção com levantamento de léxico, leitura de inputs e reconhecimento de estruturas recorrentes no gênero a ser produzido), tarefa (para produzir textos em pares e individualmente) e pós-tarefa (para
promover a consciencialização linguística com foco na forma (Long, 1991, 1998) e revisar a produção inicial). Para avaliar os efeitos dos recursos, realizamos uma oficina de escrita com estudantes universitários de PL2 nível B1, com cinco encontros presenciais de duas horas, totalizando dez horas letivas. O formato presencial permitiu-nos acompanhar o processo de produção dos estudantes com perguntas dirigidas, na tentativa de conhecer o comportamento estratégico que adotavam na execução das tarefas. Além disso, pedimos aos participantes da oficina que respondessem a um inquérito (disponibilizado via Google Forms) com questões relacionadas à experiência que possuíam, relativamente à produção escrita, e ao comportamento que adotam ao escrever. Nossos resultados prévios revelaram-se favoráveis ao uso do ELBT. Ao completarem a fase de pré-tarefa, os estudantes melhoraram seus textos de forma significativa: ampliaram o léxico especializado, utilizaram estruturas típicas do gênero textual exercitado e apresentaram melhor progressão lógica. A recolha de dados prosseguirá ao longo deste ano. Faremos uma oficina de escrita com estudantes de nível B2 e, depois de analisarmos as produções resultantes, faremos novas oficinas com níveis B1 e B2 para termos mais material de análise, de forma a ampliar nossas conclusões a respeito dos efeitos dos materiais produzidos. Por considerar que o ensino da competência escrita em L2 requer instrução explícita (Cumming, 2001; Leki et al., 2008; Rinnert & Kobayashi, 2009) e que os manuais didáticos são fundamentais para o desenvolvimento das competências comunicativas (Tomlinson & Masuhara, 2018), pretendemos testar o uso do Ensino de Língua Baseado em Tarefas (ELBT) (Ellis, 2003; Byrnes & Manchón, 2014; Long, 2015; Castro, 2017) em materiais para o ensino da produção textual em português L2 (PL2). Partindo da premissa que a aprendizagem de L2 está centrada na ideia de solução de problemas relacionados com o mundo real (Skehan, 1996), e que tarefas de escrita são atos de construção de sentido voltados à apropriação de habilidades necessárias ao engajamento comunicativo nas esferas pessoais, sociais
ou profissionais (Byrnes & Manchón, 2014), recorremos ao ELBT por permitir reflexões durante a produção de textos e estimular o uso real do PL2 (Pinto, 2020). Ademais, porque reúne dimensões da língua, do contexto social e dos processos mentais dos estudantes (Van den Branden, Bygate & Norris, 2009), julgamos que o ELBT pode ser articulado ao modelo de escrita como processo (Hyland, 2009), que tem sido apontado como adequado (Graham, 2018) para uma remodelação de ensino, que inclui, além de formas textuais, atenção aos processos de composição dos estudantes.
Com o apoio de uma metodologia qualitativa e do emprego de análise de conteúdo, analisamos manuais de PL2 (Sippel, 2023) e observamos que tendem a utilizar a versão fraca da abordagem comunicativa (Richards & Rodgers, 2001) e um modelo de ensino de escrita como produto (Hyland, 2009), indo de encontro às recomendações oficiais para o ensino de PL2 (Schoffen & Martins, 2016), que orientam um trabalho com a prática de tarefas (gêneros textuais), dando ênfase ao uso efetivo da língua. Para compreender como utilizam manuais e demais recursos didáticos no ensino da competência escrita, realizamos entrevistas semiestruturadas com docentes da NOVA-FCSH e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Brasil), que revelaram, de um lado, a importância da instrução em sala de aula, da oferta diversificada de inputs, do ensino sistemático de gêneros e de planificação e revisão textual; de outro, a falta de apoio a essas questões nos manuais didáticos. No âmbito deste estudo, nossa intenção é apresentar materiais, resultantes da análise dos manuais e das entrevistas, produzidos com os pressupostos do ELBT, e avaliar seus efeitos.
Para construir os recursos, buscamos articular os componentes do processo de produção textual – planificação, escrita e revisão (Grabe & Kaplan, 1996) – com atividades de pré-tarefa (para planificar a produção com levantamento de léxico, leitura de inputs e reconhecimento de estruturas recorrentes no gênero a ser produzido), tarefa (para produzir textos em pares e individualmente) e pós-tarefa (para
promover a consciencialização linguística com foco na forma (Long, 1991, 1998) e revisar a produção inicial). Para avaliar os efeitos dos recursos, realizamos uma oficina de escrita com estudantes universitários de PL2 nível B1, com cinco encontros presenciais de duas horas, totalizando dez horas letivas. O formato presencial permitiu-nos acompanhar o processo de produção dos estudantes com perguntas dirigidas, na tentativa de conhecer o comportamento estratégico que adotavam na execução das tarefas. Além disso, pedimos aos participantes da oficina que respondessem a um inquérito (disponibilizado via Google Forms) com questões relacionadas à experiência que possuíam, relativamente à produção escrita, e ao comportamento que adotam ao escrever.
Nossos resultados prévios revelaram-se favoráveis ao uso do ELBT. Ao completarem a fase de pré-tarefa, os estudantes melhoraram seus textos de forma significativa: ampliaram o léxico especializado, utilizaram estruturas típicas do gênero textual exercitado e apresentaram melhor progressão lógica. A recolha de dados prosseguirá ao longo deste ano. Faremos uma oficina de escrita com estudantes de nível B2 e, depois de analisarmos as produções resultantes, faremos novas oficinas com níveis B1 e B2 para termos mais material de análise, de forma a ampliar nossas conclusões a respeito dos efeitos dos materiais produzidos.
Period | 24 Oct 2024 |
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Event title | Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística |
Event type | Conference |
Conference number | 40 |
Location | Ponta DelgadaShow on map |
Degree of Recognition | National |
Keywords
- Ensino
- competência escrita
- manuais didáticos
- Português L2
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Research output
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Ensino de Línguas baseado em tarefas e desenvolvimento da competência escrita em manuais didáticos de Português L2
Research output: Contribution to conference › Poster › peer-review