Description
Na obra A memória: a história e o esquecimento (2014), Paul Ricouer esclarece a diferença entre memória e imaginação, considerando como tais conceitos são tratados por Platão e Aristóteles. Em Aristóteles, a memória seria a representação de alguma coisa anteriormente percebida, adquirida ou aprendida, que preconizaria a inclusão da problemática da imagem na lembrança. Nessa acepção, anamnésis seria volta, retomada, recobramento do que anteriormente foi visto, experimentado ou apreendido. Contudo o elo entre esses dois eventos, esquecer e lembrar, seria assegurado pela distância temporal. É esse intervalo entre a impressão original e seu retorno que a recordação percorre. Na urdidura da novela Buriti, do ciclo Corpo de baile, o escritor brasileiro João Guimarães Rosa entrelaça várias temporalidades. Além de a primeira parte da novela ser construída por meio das recordações que Miguel tem da primeira visita que fizera ao Buriti, quando para lá retorna um ano depois; tem-se a perspectiva de Lalinha, a nora que o fazendeiro Liodoro mantém sob seus cuidados depois que seu filho, Irvino, a abandonara. Esse tempo em que Lalinha espera pela volta do marido e Glória aguarda pelo retorno do noivo Miguel, no suposto tempo presente, as reflexões e memórias de Lalinha e Miguel são preponderantes, restabelecendo a importância do passado. O objetivo desta comunicação é analisar como a superposição das camadas temporais demarca o compasso moroso da espera. Neste percurso interpretativo, abordar-se-á a importância da memória, em diálogo com o pensamento de Gérard Genette, Paul Ricoeur e Jean-François Lyotard.
Period | 9 Sept 2021 |
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Event title | 14 Deustcher Lusitanistentag |
Event type | Conference |
Conference number | 1 |
Location | Leipzig, GermanyShow on map |
Degree of Recognition | International |
Keywords
- Literatura Brasileia
- Guimarães Rosa
- Corpo de baile
- memória